quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Pra ser morada.

Trazia nos bolsos retalhos e pedacinhos de histórias vividas e inventadas. Sonhos (des)esperados, realidades traiçoeiras e muita coisa boa encontrada por aí.

Trazia no peito certa amargura, um receio engasgado, pudores que estavam encalacrados na pele.

Tinha na alma esconderijos de coisas sujas, despudores, desamores, amargura.
Mas no coração..Tinha raios de sol e arco- íris...Tinha cheiro bom de chuva, terra molhada, sorriso grande da paz recebida quando criança, tinha o brilho da volta pra casa, do abraço esperado, do aconchego leve que recebia do céu brilhando limpo e fácil sobre si.

Tinha..á ela.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

L'amour.

Preenchida em todos os cantinhos, inclusive aqueles empoeirados, obscuros, meio perdidos.Invadida por sorrisos descabidos, pensamentos coloridos, canções perfeitinhas. Completamente embaraçada diante do brilho intenso nos olhos que só ele, com o jeitinho mais doce, provoca.Despudoradamente enfeitiçada por cada minuto ao teu lado, onde o tempo, antes arrastado, pesado, agora voa.
Apaixonada por cada gesto, cada descoberta, cada sonho tornado realidade.
E se outrora era só metade, sente agora inteiro, sente sim, que, o amor a pegou.Transformou a menina desacreditada, cansada, em uma leve e deliciosa participante de um novo, e promissor, conto de fadas.

sábado, 26 de setembro de 2009

Antes e depois.

[Antes]

Passos largos e desajeitados.
Nenhum sorriso e respiração cansada.
Falta de brilho e correria.

[Durante]

Vontade e querer bem.
Dúvidas com a mais fácil certeza.
Sorriso largo (Daqueles sem- vergonha).

[Depois]

Calmaria que aconchega.
Abraço que de tão fácil se faz constante.
Amor que agora dentro, desfez o tal distante.


E a rima dantes brega, (des)usada.
Se fez companhia, alegria.
Fez parte.Das metades.
Fez mágica onda de loucura.
Fez terrível e deliciosamente perdida.
Fez parte.

domingo, 20 de setembro de 2009

Fragilidade.

Como o rio que deságua sem pressa..a menina andava assim...sem pressa, apreciando as fotografias ora exuberantes, ora irritantemente diferentes.
No exato de sua certeza, que era incerta, monótona , indigesta pintou quadros recalcados, (des)temperados, sem luz.
Trilhou descobertas, caminhos, estradas.
Foi errante, andarilha, atrapalhada.
Amou, sofreu, desamou e tornou a sofrer.
Fez dos olhos mar desaguado...bicho acuado...
Fez do peito morada, fogo ardente, porão abandonado
E fez de si, algo que não devia.
Frágil.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Para quando o amor chegar*

E quando o amor chega, não fuja.
Se aconchegue em teus braços, sorria docemente, escandalosamente.
Perca noites de sono, cantarole tuas músicas, diga bom- dia ao manobrista!
Escreva versos melosos, tenha brilho nos olhos, sonhe sem hesitar.
Cometa quaisquer loucuras, pinte, borde, cante e sapateie.
Use laços de fita, seja menina..
Seja feliz, com sorrisos de doer as bochechas..
Seja feliz, com um brilho inquietante nos olhos...
Seja feliz..assim, como deve ser!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

E o tal final feliz.

E então surgiu assim..sem esperar, ou desesperar, ou com algum receio. Invadiu, tomou seu coração sem pedir licença...Aconchegou-se em cada cantinho dela, fez perder o juízo, cantarolar canções docinhas, sorrir no meio de uma tarde um tanto monótona e morninha.

Fez descabido todo o seu mundinho...Fez colorido tudo a sua volta, fez tudo ficar magicamente belo, suave, docinho. Transformou uma intrépida desacreditada na mais apaixonada das criaturas.

A fez perder o sono, contar os dias, brilhar os olhos, ter cãimbras por sorrir tão fácil...Tudo tão perfeitinho...tão incontrolávelmente colorido...tão...Deles!
E a menina, que julgava ser sozinha, agora tem motivos pra ficar boba e infantil.
Tem sim, motivos pra ser a coisinha mais doce que outrora acreditava adormecida...ou inexistente.

Agora tem sim, mais do que nunca,todas as razões pra acreditar em principezinhos e finais felizes.



-Com você eu consigo enxergar bem mais longe
Fica tão colorido mesmo muito distante
Parece que o tempo todo passou nesse instante
O mundo inteiro girando como uma roda-gigante-

[Roda gigante-Cachorro grande]

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Abismo*




Acima do vale, havia uma abismo sombrio,
tão escuro quanto a noite e tão alto quanto o firmamento.
Não havia luz alguma sobre este abismo desesperador,
apenas via-se, de tempos em tempos um reflexo brilhante que emergia de seu interior.

Quem tivesse a ventura, de sair do vale e procurar pela origem daquele brilho
poderia ter uma visão única, pois acima daquele abismo de sombras residia a criatura mais bela deste mundo

Mas desde que o abismo se encheu de negror, esta criatura postou-se a beira do mesmo e de lá não mais saiu.
Assim como o reflexo brilhante, que descobriu-se vir de seus olhos, de tempos em tempos ela baixava a cabeça para olhar por entre suas mãos algo que guardava com calor e com carinho.
Algo que a fazia sorrir timidamente antes de voltar a fechar os olhos para o mundo.

Porém um dia, ao abrir os olhos e mirar suas mãos, esta criatura sentiu uma chama arder em sua alma.
Sobre o dorso de suas mãos brilhava uma centelha de luz, luz essa trazida do horizonte,
um horizonte que despontava com o que ela esperava por todo esse tempo...
O sol...
O calor...
A vida!
Vagarosamente e com cuidado ela abriu suas mãos e depositou ao chão aquilo que com carinho cuidara, uma pequena flor, tão frágil que mesmo uma leve brisa a partiria.
Então ela recuou e observou.

Ao tocar o chão, a pequena flor banhou-se em luz e então se fortaleceu,
Rapidamente cresceu e se multiplicou.
Como uma onda, flores brotavam no chão, não mais negro, mas sim verde, amarelo, vermelho...
Todas as cores possíveis se encontraram naquele solo e, enquanto a luz incidia sobre o abismo
flores continuavam a emergir em seu encalço.

Finalmente a luz do sol iluminou a criatura por inteiro, agora não se podiam ver apenas os olhos, podia-se vê-la completa, em todo seu esplendor
Um anjo de logos cabelos negros, um corpo perfeito e um sorriso apaixonante,
que abriu suas grandes asas e, finalmente sentindo-se livre correu em direção ao abismo
O vento passava acariciando seu pele enquanto corria de olhos fechados, até a beira.
Então o anjo saltou, não para a morte, mas para a vida.

O anjo sobrevoou todo o vale, flores desabrochavam quando o vento que acariciava sua pele trazia o aroma de seu perfume, o sol refletia em suas asas prateadas revelando sua perfeição e seus olhos, agora abertos miravam o horizonte sem fim.
Ela não esperou mais, voou em direção ao horizonte, ao encontro do sol, que nunca mais a privou de sua companhia, juntos eles mergulharam o mundo em luz e calor, e nunca mais se viu um lugar onde não houvesse um jardim perfumado e ensolarado.

Há quem diga que aquele abismo sombrio era a solidão, a tristeza. E que o anjo mesmo se sentindo só a sua beira, sempre guardou em suas mãos uma pequena esperança.
Esperança de que quando o sol voltasse lhe trazendo de volta a vida, ela seria feliz novamente em um novo horizonte.



Do meu babe..perfeitinho como tudo q encontrei nele*

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sobre a momentaneidade das coisas.

Dedilhando seu cigarro.. entre uma dose e outra, ao som de um blues rouco, rasgado, surpreendeu-se com um lampejo: nada é eterno, meu bem.
As coisas vêm e vão, e se perder esse momento, pode ser que nunca volte.

A tal felicidade instântanea é traiçoeira, pega a próxima estrada e vai.Te deixa, esquecida entre um trago e outro. Entre um acorde e outro.
Suspirou sem piscar, para eternizar aquela lembrança.. Cuidado, é frágil, pensou. Frágil e dissipa com facilidade.Frágil e te consome, devora.

Ainda com o olhar adiante, guardou pra si para sempre aquele momento: tolo, doce.Mas que era só seu. E que ficaria para sempre ali, entre os desapegos empoeirados e as lembranças rasgadas do tal blues.



-Please don't wake me
No don't shake me
Leave me where I am
I'm only sleeping-

[Beatles-I'm only sleeping]

sábado, 1 de agosto de 2009

De repente*

Apareceu de repente, e foi ficando assim, de repente.Combinações instântaneamente deliciosas, pluralidade musical, carinho e um sorriso pintado fácil em um rosto que nem parece desconhecido.
Transformou, de maneira intensa um degradê de cinza em um colorido fácil, limpo, sutil.
Foi suave. Sem falsas promessas ou ilusões. Só vontade. Só pensar, imaginar, querer bem. E querer junto, cada vez mais forte.Roubou pensamentos, sugeriu planos, encontrou morada aqui em um lugar que já andava tão empoeirado. Subtamente uma vontade de continuar boba, com as pequenas mãos frias e trêmulas, e um coração sufocante ganhou mais espaço, explodindo faíscas e batendo um tanto mais rápido.
Sentiu que, de repente, estava viva de novo.

[Sinceramente você pode se abrir comigo
Honestamente eu só quero te dizer
Que eu acertei, o pulo quando te encontrei*]

[Sinceramente-Cachorro grande]

segunda-feira, 20 de julho de 2009

20.07.2009

E para que servem?
Sustentar um abraço quando seu mundo ruiu?
Te arrancar um sorriso quando as lágrimas te devoram?
Te fazer sonhar.. quando ninguém mais acredita?
É.. para que servem?
Para suportar teu mau humor?
Para acreditar em teus devaneios?
Para dizer.. tô contigo. Sempre.
Para um suspiro derradeiro?
Para a última palavra meio torta.. meio maluca. .meio assim.. sempre assim..
Para um abraço.. que tú julgas desnecessário ( sou forte e fria).
Mas aquele abraço que te devora. .e te consome.. e te deixa torta.. meio boba..
Para tudo aquilo que não confessas,... mas que sentes..
E que agradece.. e que é o que sempre quis.

Para tudo aquilo que sempre pediu. E que agora tens.

Para teu amigo(a).

Para Tudo o que me salva.E me anima.E me comporta.
Para tudo com meu mais doce e puro amor.
Sem explicação. Ou regras. Ou qualquer coisa infinitamente desnecessária.
Para qualquer sentimento que despertaram em mim. Meu único e suave (porém conturbado) Amor.

sábado, 11 de julho de 2009

Abstrato.

E de tão finda.. .infinita... linda novamente se fez.
Se algum dia houve dúvidas.. incertezas.. devaneios e saudade.. o que sobra hoje mal cabe em um abraço.. daqueles mais apertados. Sufocantes.
Olhares que de tão cúmplices inundam pensamentos.. preenchem cada cantinho que ainda tem algum vazio (é.. nossos cantinhos tem muitos espaços). Sintonia pura e enobrecedora. Daquelas que nos fazem perceber que nem tudo ainda foi perdido.. deixado.. abandonado.
Sentimentos que de enclausurados explodem num instante vago. E que ninguém entenderia. Ninguém. Só ela. Porque passou por isso. Sentiu isso. E ainda sente. Tanto quanto sabe .E tanto quanto sinto.
Dúvidas e indiferenças colocadas frente a frente. Como nós. Como nos sentimos.
E ainda perguntam.. o que é o amor?
ABSTRATO.




[Amo você, de alma colorida e coração dolorido.
Obrigada por me fazer bem. E compartilhar comigo o que anda me deixando insone. E o que também te deixa insone].

---->Para a melhor amiga que sente o que sinto. E me entende. E sofre junto. E ama junto. E sempre tudo junto.

domingo, 21 de junho de 2009

E foi sempre?

E ainda sentiu teu cheiro.
E teu gosto.
E renegou teus lábios.
Jurou nunca mais...

Foi mais forte..ela queria..
Era sua tampa..sua loucura..sua metade.
Mas não houve.Não aconteceu.Não..Nada..
Só sobrou o cheiro..o gosto..a vontade
Os sonhos de arco-íris.
A vontade colorida.
Devaneio de madrugada.

Menina!Tu não sonhas mais..
És grande.Gente grande.
Acabou.
Cresceste e nem percebeu..
Cresceste e ninguém acompanhou.

Foi Bela, Cinderela..
Hoje és tú.
Não mais.
Nem ninguém.
Tão sempre o que foi.
Se acostume...

Menina a quem nenhum devaneio pertence
Sonhadora a quem nenhum colorido tomou conta..
Me conte..És teu?
Ou foi sonho?

Nunca ficou assim, pobre menina..
Não suporta ficar perdida..
Sempre dona de si..
Ache alguém assim..Bem assim
Do jeito que tú sonhas...


É o que tú queres.
E eu quero.
E quem aqui escreve quer ainda mais.
Queremos.
E sempre.
Sempre.




-E depois, então,
Que conquistar o último desafio
Quando aprender a voar,
Quando achar que já tem tudo
O que vai querer?
O que vai querer?
O que vai querer depois?
O que vem depois.-

[Querer depois- Pitty]

terça-feira, 16 de junho de 2009

Bem- vindos!

Sejam bem-vindos ao surpreendente mundo da patifaria! Garotas muito maquiadas, com seus melhores vestidos com quase nenhum pano.. que não cobrem a vontade de se mostrar.. Meninos muito perfumados, com o jeans da moda e seus sapatos super lustrados.

Sorrisos maliciosos e abraços quase ternos.. olhares cínicos e convidativos.
Sejam muito bem-vindos á lúxuria impregnada em seus deboches, á falta de assunto retocada pela educação quase inexistente, á bajulação que não resiste a uma verdade.

Se acheguem, meus senhores, venham ver o horrorshow da noite moderna. Perturbados meninos que buscam "one more time, babe!". Lindas garotas que compram ilusão e vendem monotonia.

Bem-vindos,subalternos da vida urbana, escravos da beleza e diversão sem limites.



"You're cool, but I'm right, so

I'll set the dial to "no fights."
And as we leave the club,
and the sun is coming up, you ask,
"Have I failed to entertain?"
I say no man, it's ok.
Cuz I already knew
that when I'm with you
Mediocrity rules, man.
Mediocrity rule"

[Mediocrity rule- Bikini Kill]

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Paz.

Dançava frenéticamente na frente do espelho embaçado. Seus cachos giravam como molas balançadas pelo vento. Poses, sorrisos e pulinhos.

-oh oh oh, she moves in her own away[...]

Nunca uma manhã fora tão colorida! Pensamentos pintados feito poesia, a pele tão clara e reluzente. Branca. Como definem a paz, que inundava até mesmo os cantinhos do quarto onde os braços do sol não alcançaram.
Estava ilicitamente feliz. Despudoradamente tranquila.
E como era bom.
Ah, sim.. a paz a invadira como lampejos de raios que antecedem uma boa tempestade.
E como foi bom.
Iluminou corpo, alma e coração. Atingiu seu âmago, seus desejos mais íntimos.
E como é bom.



-But uh oh, I love her because
She moves in her own way
But uh oh, she came to my show
Just to hear about my day-

[The kooks-She moves in her own way]

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sobre as cores.

Queimou seus olhos o brilho intenso das cores do dia.
O céu cintilando seu azul tão particular, refletindo um dia atípico pra ela.
Observou as cores do contentamento, da alegria, da paz.
Nuvens que mostravam desenhos da infância, árvores com folhas tão verdes quanto os olhos pequeninos de alguém, sorrisos que ofuscavam a retina, transmitindo doces sensações.

A boca tão vermelha quanto o carmim do sangue que acelerava em suas veias, um coração que não pulsava, pulava, acompanhando os acordes da batida de seus quadris.
Os pés mexiam-se a cada suspiro, a cada transmissão sináptica cérebro-coração.
Ouviu a terra respirar, sentiu-a girar, vibrou junto com os carros vindos de toda direção.Sorriu abertamente, preciosamente, sinceramente.
Sentiu. Permitiu-se sentir. Novamente, tudojunto e agora.

-És viva, menina.Uma coisinha inteiramente viva.Uma linda criatura teimosa e absolutamente viva!
Disse a si mesma e seguiu seu caminho, cantarolando e sentindo as cores do dia.


[...]I climbed upon his shoulders
And laughed until I cried
The view and I collide
To see this through his eyes
We never looked so pretty
We never seemed so real
I'll let go of myself now
And tell him how I feel[...]

[Maria Mena-I'm in love]

domingo, 22 de março de 2009

Mais uma vez.

-Uma dose de carinho, por favor. Dupla. Sem gelo.

Foi assim que dirigiu-se ao garçom, que não entendeu nada, balbuciou algo e saiu em seguida, voltando com o pedido repetido. Vodka. Pura. Duas pedrinhas de gelo pra não queimar tanto. Arder tanto. Dilacerar tanto.

Rodopiou o copo entre os dedos, cantarolando 'love is a looooosing game'. Pausa. Respiração abafada. Lágrimas.

Observou tudo á sua volta. Os sorrisos. O charme. Os convites pra mais tarde.
Acendeu seu cigarro. Suspirou profundamente e tragou aquilo que se tornara um constante companheiro.
Remexeu-se na cadeira tentando acordar seu caos interior, tentando explodir o que estava estagnado.
Mera tentativa. Descasos do acaso. Causas do caso. Confusão.

Não venderiam amor-próprio? O tal carinho a essa altura não lhe era mais interessante.
Ou ainda uma dose bem avantajada de desapego.
Mais suspiros. Mordidas nos lábios.

Fim da noite. A lua é a nova companheira, que ilumina seu caminho até seu canto. Só. Mais uma vez...


'Though I’m rather blind
Love is a fate resigned
Memories mar my mind
Love is a fate resigned..'

[Love is a losing game-Amy Winehouse]

segunda-feira, 16 de março de 2009

Por que?


E ela destoada em tons de cinza continuou seu caminho.Tão ausente em sua presença.Tão carente em sua jornada.
Seus pequenos olhos cor de amêndoa, banhado pelo brilho inconfundível do sol que teimava em aconchegar sua pele, chorava lágrimas pretas.
Por que tão só?
Por que tão assim?
Por que...assim?



'Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.'

[Caio Fernando Abreu]

quarta-feira, 4 de março de 2009

Quem tú és.

Despiu-se hoje, já tardiamente, de todos os planos incertos.Estava tão fatigada de procuras inúteis, desilusões, correr em círculos. Sabia-se inerente a decepções, fracassos, noites regadas á cigarros e rockzinho folkado apenas com o olhar marejado adiante, entretanto, não buscaria nada mais em terrenos desconhecidos.

Mesmo tendo plena certeza de que sonhar é necessário, buscaria deste momento em diante,tudo o que é palpável, sólido, certo.

Fez-se mulher.

A menina que ainda esperava..cansou de laços de fita e ilusórios contos de fadas. Cansou de canções de ninar e sábados no parque. A menina....cresceu.Renasceu.Tornou-se quem deveria ser.


'Torna-te quem tú és'
[Friedrich Nietzsche]

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Ela voltou.


Despertou com um irritante dia ensolarado, calorzinho (des)agradável, saltitantes passarinhos a perturbar  seu péssimo humor. Fitou seus olhos no tão velho espelho..Estava cansada, olheiras profundas e reveladoras mostravam que a noite havia sido inquietante.

Desabou novamente na cama..não não..Desabou em sua amargura, medo, angústia.
Podia mesmo estar tão infeliz com tão pouca idade?Podia realmente estar tão insatisfeita com tudo e todos?
Lágrimas amargas e incessantes acariciaram sua face por alguns momentos, lembrando a ela que até mesmo a solidão é companhia.

Decidiu ser completa mesmo só, mesmo espectadora, mesmo tão inconformada com sua vidinha comum.
Decidiu ser ela novamente, retornar a sua mesmice e esquecer as 'amelices' que teimavam a inebriar seus pensamentos.Ah sim, ia voltar a ser a tão centrada menina de outrora, com seus objetivos e planos.A menina de olhos tristes e coração enjaulado, mas que vivia em paz com sua falta de amor, com a falta de curvas nas estradas, com a ausência de uma trilha sonora...

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.Disse que daqui pra frente seguiria só
Não se prenderia a nada buscando algo melhor
Na esperança de conseguir não se engane
Hora de virar as costas e seguir...

Um dia ia acontecer
sem deuses, sem mestres e sem mãos cavarem
orgulhoso em ver
daqui pra frente só você.


[Autonomia-Dead Fish]

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Sobre o não saber e suas expectativas.

Seria o medo realmente inerente ao ser humano?Ou os problemas se concentram na criação de expectativas?

Acordou atordoada por estes pensamentos. Fitou o relógio ao lado da cama: 03:15. Havia adormecido singelos 20 minutos. Sentou-se morosamente na beira do móvel e acendeu o abajour carmim. Tentou desviara a atenção, mas as perguntas pulsavam cada vez mais forte.

Sabia que não era covarde, entretanto conhecia também sua terrível mania de criar expectativas sobre tudo: futuro, clima, pessoas, amor. E a cada suposição inventada, uma decepção sempre se instalava e fazia cinza e pálido todas as nuances a sua volta.

Sentia-se estagnada, presa, refém de um mundo ilusório que ela havia criado para si. E permitiu-se não pensar. Não saber. Não programar o próximo passo. Decidiu simplesmente entregar-se ao obscuro, ao desconhecido...
Finalmente resolveu render-se a apatida do "não saber". E assim adormeceu novamente... Sem saber.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Segredo?

Todos têm segredos inconfessáveis. Segredos que só o travesseiro ou aquela velha boneca de infância conhecem. Ela também tinha. Guardava pra si um pedacinho secreto que ninguém mais conhecia. E isso corroia. Machucava. Atormentava.

Queria despir-se de toda e qualquer coisa que julgava indiscreta. Mas temia ser incompreendida. Temia ser julgada-apesar de sempre dizer-se alheia a opiniões de terceiros. Queria poder tornar nua sua alma. Ser toda transparente, tal qual o vidro da janela onde espiava a garoa fina lá fora.
Mas sabia impossível-”Ninguém é tão misterioso quanto imagina”-pensou e acendeu seu cigarro, e a cada tragada um suspiro profundo. Suspiros indignados, inconformados, verdadeiros.

Durante instantes, sentiu-se suja, impura, pois guardava pra si um segredo que nem era assim tão secreto.. Mas era incerto, descabido, um tanto ridículo. E entre um devaneio e outro, decidiu confessar, não para o mundo, mas para si mesma,o amorzinho que há tempos escondia,alimentava e que mais do que nunca, precisava mostrar-se vivo. Ridiculamente vivo. Assim como ela, perigosamente... Vivo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

.Bia.

Não sabia o exato instante em que passara a admirar tanto aquela mulher. Mas tinha a pura certeza de que não fora por acaso. Era forte, sorriso fácil, abraço quentinho. Tinha a palavra certa até nos momentos mais incertos. Era protetora, zelosa, coração que transbordava amor.

Fez-se mãe em todos os cantinhos daquela menina. Fez-se abrigo nos mais temerosos pesadelos. Fez-se tão importante, que a tal menina nem conseguia mensurar tal qual era a grandeza do sentimento que nutria por ela.

Foi amiga, conselheira, pai, mãe, irmã.. Era a tia! Tia? Não... Parte da história, jornada, caminhada. A pequenina era sua bonequinha, sua princesa, sua.. tão sua!E não importava-se com tantas decepções, desesperos, atribulações.. Era majestade até quando o mundo desabou em seus pés. Era rainha mesmo quando fora abandonada em seu castelo (no triste momento em que o principe virou sapo). Mas ainda tinha a ela, a menina.. e agora também seu principezinho, seu bonequinho, sua paz encontrada em cada canto com brinquedos espalhados. Sua doçura em cada sorriso largo do franzino menino que agora era seu.

Fez de cada desafio um degrau para o caráter. Fez de cada lágrima escondida na madrugada um sorriso na face mais próxima. E fez de cada superação, uma história pra ganhar o jogo, e também pra contar para o menininho, seu filhinho, seu Diogo!



*Porque só quem tem seu sorriso,sabe a luz e força que ele representa!Para meu bem,minha tia,minha Bia*

domingo, 4 de janeiro de 2009

O escolhido.

Em uma dessas noites ocasionais,nada especiais,sem surpresas ou mágica , o que era vontade fez-se encanto. Um sorriso tímido,manso e misterioso. Um jeitinho de passar as mãos pelo cabelo todo bagunçado. Olhar de quem ainda procura,anseia por alguma coisa que nem mesmo sabe o que.

Conversas, brincadeiras e muitas dúvidas. A eterna busca pelo príncipe, que podia sim ser ele, de jeans e camiseta branca, barba mal feita mas com tudo o que ela precisava.
Em casa ,agora sozinha, ou melhor, acompanhada por uma montanha de pensamentos, refez cada detalhe de seu principezinho. Cada pedacinho dele, cada gesto, seus 3 tipos de sorriso, sua pele tão branca quanto a dela, os cabelos castanhos.

Suspirou e tentando adormecer decidiu que é ele. Tola, a decisão não foi sua. Foi sua alma, coração, corpo todo e cada uma de suas várias personalidades decidiram que ele é quem tomaria conta dela. Mesmo sem ele saber. Sem seu escolhido saber sequer seu nome, pôs-se a fantasiar tardes de passeio no parque, domingos com filminho e abraços intermináveis. Fantasiou o amor, e todas as suas delícias. E, por alguns instantes, encontrou a paz que tanto necessita.