sábado, 20 de dezembro de 2008

Nós.

De canto, envolvida por pensamentos que a enlouqueciam, decidiu deixar-se apaixonar. Não mais fugiria, não se enconderia, não deixaria de telefonar. Entregaria desta vez tudo o que sempre trancafiou:amor,alma,coração.

Estava realmente certa de que queria colo,um amor novinho,pieguices e blá blá blás que envolviam todas as conquistas.Queria sim acordar sorrindo,cantarolar sozinha,dias chuvosos abraçadinha no velho sofá.Queria sua propria trilha sonora como nos filmes que incansavelmente assistia enésimas vezes.

Deixaria de ser uma pessoa substituta e seria a melhor namorada,com os melhores beijos,os melhores cafunés e a melhor companhia que seu principezinho pudesse querer.
Seria amiga,confidente,companheira.A melhor amante, a pessoa certa pro destino incerto.

Abriu os olhos, respirou profundamente e gritou alto:Eu quero sim um amor.Eu quero sim deixar de ser *eu*..e passar a ser *nós*.


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

E o pra sempre é nada?

Entre fitas velhas de cetim,livros empoeirados e fotografias amareladas,encontrou uma enorme caixa vermelha.Um vermelho já desbotado,mostrando que ali também o tempo(e as traças)haviam deixado suas marcas.

Abriu cuidadosamente sua tampa,e deparou-se com uma parte de seu passado que há muito já havia deixado pra trás.Retirou um punhado de papéis e prontamente começou a ler.Eram cartas,bilhetes,pedacinhos desgastados de paixão.Cartas de amor.De saudade.De tesão.De ciúme.Pequeninos pedaços de sua história.Sentiu o coração murmurar algo...e percebeu que a nostalgia já se instalara por ali.

Entre tantas recordações,um papel amassado,o menor entre eles,chamou sua atenção:"Eu e você sempre,pequena".E a frase tão simplória ecoou por todas as paredes,cantos,buracos.Chegou a sua alma,trovejando,esbravejando,querendo satisfação.

E a menina,ali tão solitária,com os olhos já marejados,peito ardendo,toda trêmula,apenas balbuciou:
"Nada é pra sempre,pequeno".

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Tolinhos!

Lentamente,tomou o último gole do último amargo vinho que ainda restava por ali.Sorveu cada gota,sentindo queimar-te por dentro,rasgando,ardendo,fazendo fogo o que estava congelando.

Tragando furiosamente seu amassado cigarro,passou a observar as pessoas que passavam diante de sua janela.Tão ridiculamente felizes,com o tal espírito natalino a aflorar entre suas sacolas e pinheiros enfeitados.Sentiu-se bem por fugir dos padrões,por querer uma realidade inventada,por não desejar ser como eles,por não fingir amor ao próximo já que é natal!

Rodopiou entre os dedos seu copo,levantou-se e passou a dançar sozinha,a ‘dança da solidão’ como chamava seus pulinhos frenéticos ao som de Janis..ou ainda Doors.Em frente ao espelho quebrado,manchado observava seu corpo alvo,pálido e tão cansado,as pintas,o contorno de cada curva,as marcas deixadas pelo tempo.Riu escandalosamente e sarcasticamente,por saber-se tão perfeita,tão humana,tão mais ou tão menos do que toda aquela gente que passava por sua janela,com suas vidinhas mornas,castas,puritanas,e tão cheia de regras.Suas vidinhas tão sem brilho,tão (des)humanas,tão métricamente estipuladas.

Tolinhos,ela é quem era feliz..com o blues ecoando e o sorriso dos puros.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Não!

Não mentir.Não surtar.Não dizer.Não sonhar.Não fantasiar.Não sentir tão assim.Não dançar do jeitinho enlouquecedor.Não madrugar.Não beber.Não fumar.Não alucinar.Não brincar.Não comer em excesso.

Não aparecer de repente.Não sair sem destino.Não escolher.Não buscar emoção.Não beijar sem conhecer.Não trepar sem amor.Não fugir do padrão.Não gritar.Não ter medo.Não maldizer o futuro.Não buscar ser especial.

Não chingar.Não falar palavrão.Não trair.Não ser super super sexy.Não ser demasiado sincero.Não ter opinião.Não ter escolhas.Não ser diferente.Não ser assim..tão assim e só assim..Não ser feliz.Não ser autêntico.Não ser eu e tão eu..só eu e mais eu..não ser como sempre fui e não aprendi de outro jeito.Não ser humano.Não ser nada,e nada..

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Ah coração..

Você que finge ser sensato e sempre cheio de si. Sempre faz do umbigo seu mundo. Procura no ego seu refugio, no espelho sua morada. Faz do reflexo seu abrigo... Foge de qualquer lembrança, qualquer coisa que o faça perceber que nem tudo gira em torno de você.

Você mesmo... Que busca apenas satisfação pessoal, sem se importar com o coração alheio que te guia, te cuida e te quer..mesmo de longe,mesmo errado,mesmo manso.Um coração que já foi seu,que te deu o mais inocente carinho,que não pediu nada em troca.Foi seu por querer seu seu.Foi seu por saber-se seu.Foi seu..e tão seu que o tal coração não percebeu que você era grande demais pra ele.E foi sufocando,sufocando..até que quebrou-se em pedacinhos impossíveis de colar,juntar,refazer.

E você continuou impassível a ele..e o coração..ah,maltrapilho coração..esse vaga por ai,sem ser inteiro,sem ser morada..sem conseguir juntar tudo o que você separou.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ela queria..e queria.


Estava cansada!Tão cansada de tudo,de todos,da mesmice de seus dias tão corridos.Estava cansada de ir para os mesmos lugares,fazer as mesmas coisas,ver todos os dias as mesmas pessoas.Cansada de permanecer irredutível as agonias que a perseguiam,a monotonia dos pensamentos que pairavam diariamente em sua cabeça.

Não entendia porque não conseguia mudar,porque permanecia estática diante do resto do mundo.Queria sim dias mais leves,brincadeiras como na infância,rir das atribulações e pintar seus sonhos com as cores de arco-íris.Mas permanecia estagnada...estafada...confusa..perdida!

Queria passarinhos cantando e o céu azul brilhando,queria algodão-doce e balas coloridas,perfume de alfazema,margaridas balançando com a brisa e um amor de novela.
Queria um príncipe.Alguém que a fizesse acreditar que amanhã será sempre melhor,que a paz que procura vai chegar,de mansinho,beijando de leve sua face e aconchegando-se entre seus braços.Queria abraço apertado,correr na chuva e romance com final feliz!Queria tardes com brigadeiro e risos intermináveis.

Queria...queria tanto e não sabia como.Queria,e de tanto querer chegava a sonhar..E não dizem que os sonhos são possíveis?
E era nisso que ela acreditava..e sonhava,sonhava...